
Brigitte Calegari é daquelas beauty experts que a gente ama seguir, sabe? Apaixonada por beleza e com o batom sempre impecável, Brigitte construiu uma carreira sólida como maquiadora e educadora, transformando a paixão em um negócio de sucesso. Com especializações em escolas internacionais de make em Paris, Nova York e Londres, Brigitte tem na educação e no empreendedorismo dois de seus pilares no universo da beleza.
E com ela não tem essa de “guardar segredo”: seja no podcast Beauty Talks, em que ela traz conversas ricas com grandes nomes da indústria para falar sobre tudo o que é referente à beleza, seja no Beauty Trends, evento do qual é idealizadora e anfitriã e se tornou referência para discutir e apresentar as principais novidades e tendências do mercado; ela é conhecida por puxar as conversas de forma autêntica e franca, sem deixar de ser doce.
Seu papel mais recente é o de mãe da Celine, uma fofura de poucos meses que já mudou sua rotina e trouxe novas questões e perspectivas. Conversamos com ela para entender como sua vida se transformou, o que ela enxerga de relevante neste momento e como ela tem conseguido encaixar seus rituais de autocuidado nesta nova fase.
Vem com a gente!
A Celine tem três meses, ela nasceu dia 25 de junho.
Bom, eu gosto sempre de enfatizar que a Celine é uma criança muito tranquila. Além disso, eu também tenho uma pessoa que está comigo já há cinco anos, que cuida da limpeza e da organização da casa. Então, consequentemente, eu consigo me dedicar totalmente a ela, né? Eu não tenho babá, e por ela ser uma criança mais tranquila, eu também consigo me adaptar e me organizar de uma melhor forma para ter um tempo só para mim. Isso eu sempre julguei extremamente importante, e foi algo que eu fiquei maturando ao longo de toda a gestação. Porque eu acredito muito nessa frase: “Mamãe feliz, bebê feliz”. Então o meu objetivo sempre é estar bem comigo mesma para estar bem com a minha filha. Claro, nesse início é difícil (até hoje, né?). Eu ainda estou no início de tudo, mas enfim, eu achei que eu consegui me organizar de uma melhor forma com ela – desde o primeiro dia, eu tentei montar uma rotina. Eu acho que isso traz muita previsibilidade para mim e, consequentemente, tendo essa visão, eu consigo pensar onde eu consigo encaixar momentos para mim mesma ali ao longo do dia, sabe? Eu acho que a rotina trouxe esse espaço e, como eu disse, eu sempre maturei ao longo de toda a gestação que eu não queria perder a minha essência enquanto mulher. Claro que tudo isso fica muito confuso, mas eu acho que tendo trabalhado essa questão ao longo da gestação me deu mais lucidez desde o início, sabe? Por exemplo: eu aproveitava enquanto ela tirava a sonequinha da manhã, e já tomava banho, me organizava, me arrumava. Isso é até uma coisa que no começo eu estava mais regrada do que agora, eu acabei me perdendo um pouco no caminho, porque ela entrou naquele primeiro salto (que eu jurava que era uma grande mentira esses saltos, mas eles realmente acontecem!). O bebê vira tudo de cabeça pra baixo, é um outro bebê. Eu fiquei pensando, “meu Deus, quem é esse bebê que eu não conheço? Será que essa é a minha verdadeira bebê? E era uma farsa desde então?” (risos) Porque ela sempre foi muito tranquila, como eu comentei, então, (nesta fase) eu meio que me desorganizei, porque passei por duas semanas bem difíceis com ela. E durante essas semanas eu me perdi. Então eu deixei de me arrumar, deixei de tomar banho logo que eu acordo (que é uma coisa que me deixa muito feliz e animada, sabe?) Tomar meu banho, pentear meu cabelo, passar os meus cremes, o meu perfume. E tentar, pelo menos, organizar alguma coisa ali, tipo, no rosto. Seja um protetor solar com cor, um blushzinho, um batonzinho, acho que isso já traz uma outra cara… Eu acho bizarro como isso tem um poder tão grande. Esse esforço mínimo de organização visual, né? Que a gente tem com a gente mesma. Os benefícios que isso traz ao longo do dia, e os malefícios que traz ao longo do dia, caso você não o faça. Porque, por exemplo, quando eu não me arrumo logo que eu acordo, eu vou passando por todos os espelhos e eu falo, “meu Deus, quem é essa pessoa? Meu Deus, que acabada.” (risos) A gente vai se diminuindo ao longo do dia. E eu tenho essa sensação que, quando eu acordo, faço o básico que seja, passo um protetor com cor, um corretivo, um blush, penteio cabelo, já tomei banho, passei meus cremes e meu perfume, isso faz diferença.
3. O que você sente que mais mudou em relação à sua rotina de autocuidado da gravidez para o puerpério?
Olha, eu fiquei muito cansada durante a gravidez, demais. Então, eu me senti mais animada no puerpério do que ao longo da gravidez. Eu sempre falo que eu jamais queria ser uma “mamãe baranga” (risos). Então, na gravidez, eu me cuidei, me arrumei… eu me obrigava a sair de casa minimamente organizada, arrumadinha. Mas o meu cansaço, ele me cansou bem, eu estava “cansada de me sentir cansada”. E me deixou um pouco chateada, confesso, já que, por amar e trabalhar com beleza, eu sempre amei fazer várias coisinhas… Eu sempre adorei fazer laser, o meu botox (eu amo fazer botox, não necessariamente para as rugas em si, mas eu faço botox para abrir o olhar). Então, teve coisas que, durante a gestação, me deixaram chateada de não poder fazer o que eu sempre fiz por mim mesma, em relação ao autocuidado. A minha pele também ficou bem oleosa, com muitos cravos, o que me incomodou muito. Além de ter a pele bem sensível e propensa a ter dermatite… Então, acabei tendo tudo durante a gravidez. Isso me deixou chateada mesmo, tanto por não poder fazer as coisas que eu gosto, quanto por ter essas questões e não ter muito o que ser feito, sabe? Então, no puerpério, eu me animei! As coisas foram se organizando em relação ao meu organismo e ao meu corpo, à minha pele, enfim, e eu fiquei feliz de poder voltar a fazer as coisas que eu fazia antes. Com uns 15 dias eu estava na dermato, fazendo meus lasers, fiz o meu botox também, e isso me trouxe mais vida, fiquei mais animada.
Eu acho que eu já falei um pouco sobre isso lá no início, mas como eu disse, isso é um ponto que eu sempre tive muita sensibilidade, no sentido de que eu consigo muito extrair do outro aquilo que eu gostaria de ser, ter e fazer – e também do que eu não gostaria de ser, do que eu não gostaria de ter, do que eu não gostaria de fazer. Olhando mulheres na minha família, mulheres próximas a mim, que viveram essa crise de identidade, logo depois do parto, isso foi uma coisa que sempre me pegou muito. Então, essa foi uma temática que eu trouxe muito na terapia e que eu fui trabalhando ao longo de toda a gestação, de tentar (nem sempre a gente consegue aquilo que a gente quer), mas de tentar não deixar de lado a Brigitte que eu sempre fui. Claro que a gente passa por um processo de transformação intenso, mas eu digo sobre a minha essência mesmo, enquanto mulher, enquanto ser humano, enfim. Então, eu acho que isso é um ponto bem importante a ser trabalhado ao longo da gestação e, pra mim, ter uma rotina de beleza é algo que me traz muita satisfação, não é um peso, pra mim nunca foi. Claro que tem dias que a gente tá com mais preguicinha, tem dias que a gente não tá bem, eu acho importante a gente respeitar esses momentos em que a gente não está bem, mas é preciso a gente identificar – se eu não estou bem, estou respeitando esse momento, mas é sempre possível voltar a cuidar de mim mesma e voltar a ser quem eu sempre fui. Então, essa rotina de beleza, ela sempre me trouxe muita leveza mesmo. Só pra você ter uma ideia, no dia que eu tive cesárea (eu acabei agendando a cesárea), ela tava marcada pras sete horas da noite. Eu passei o dia fazendo um dia de beleza em casa, porque eu sempre gostei muito de fazer coisas em casa. Então, eu fiquei, juro, o dia todo hidratando o cabelo, fiz esfoliação corporal, facial, máscara, e, tipo, fui arrumada, hidratada, cheirosa e maquiada pro hospital. Ter esses momentos comigo mesma são coisas que me trazem muito prazer e fazem com que eu fique conectada com quem eu sou, sabe? Eu acho muito importante ter essa rotina de beleza, algo que faça sentido pra você, claro. Tem mulheres que gostam de fazer, por exemplo, os dez passos da rotina coreana, e tem gente que três passos é o suficiente pra se sentir bem. Eu acho que não existe uma… Como que eu posso falar? Não pode ser uma obrigação. Você precisa encontrar coisas que você consiga incluir na sua rotina de beleza que fazem sentido pra você, claro, e que também te tragam bem-estar, sabe? Por exemplo, eu gosto muito de tomar um banho à noite. É por isso que pra mim foi tão importante ter uma rotina com a bebê, porque depois que eu faço tudo que eu preciso fazer com ela, dar banho, mamar, trocar, colocar pra dormir, eu sei que eu tenho um tempinho pra mim mesma, então é previsível isso. Eu fico feliz de poder tomar um banho mais longo, ouvindo uma música gostosa, às vezes eu coloco uma vela. Essas rotinas ao longo do dia, tanto de manhã, quanto à noite, me deixam feliz e fazem com que eu me reconecte com quem eu era antes da maternidade, porque isso é uma coisa que eu sempre fiz. E eu fico feliz de conseguir trazer isso, mesmo sendo mãe, não esquecendo de quem eu sempre fui, sabe?
E não é só com o skincare, a maquiagem também tem que fazer sentido pra você – às vezes, só um corretivo ou um batom é suficiente. Outras vezes, você vai se sentir melhor usando base todo dia, iluminador, enfim, e tá tudo bem, eu acho que isso tem que fazer sentido pra você. Com a maquiagem, eu me sinto muito empoderada, é algo muito real para mim mesmo, esse sentimento que vem à tona logo quando eu me arrumo e me maquio e faço o básico que seja pra eu me sentir bem ao longo de todo dia, sabe?
(Antes da minha filha nascer) Todo domingo eu tinha meu dia de beleza, e eu fazia várias coisas: hidratação, banho demorado e com música gostosa, acendia vela, esfoliação corporal, facial, hidratação no cabelo, máscara, um monte de coisa. E hoje eu sei que eu já não consigo ter três horas seguidas pra cuidar de mim mesma. Então, o que eu tenho feito? Eu tenho dividido isso pra não deixar de lado uma coisa que sempre me deixou feliz. Esse momento faz com que eu me reconecte comigo mesma, esteja ali por mim mesma, é muito satisfatório quando a gente tem a certeza que aquilo que a gente tem feito, a gente tem feito pra gente, pela gente mesma, enfim. Eu poderia ficar frustrada, “nossa, eu não consigo mais fazer o meu dia de beleza, uma coisa que eu sempre gostei e deixei de lado, algo que me deixa tão feliz”. Então, eu fui adaptando à minha nova realidade: por exemplo, esse meu dia de beleza, que antes precisava de três horas ou até mais, eu divido em dois dias, em três dias ao longo da semana, mas eu não deixo de fazer isso, sabe? E algo que eu não abro mão de jeito nenhum é tomar meu banho logo pela manhã e me organizar pra me sentir bem ao longo de todo dia. Por isso que eu sempre bato na tecla, porque é tão importante. Eu sei que no começo, dependendo do bebê, não é possível você ter uma rotina, mas até essa rotina se estabilizar, é importante que você tente fazê-la desde o início. Pra mim, isso foi muito importante, porque, como eu disse, isso me trouxe previsibilidade para fazer as coisas que eu gostava e gosto de fazer. Mas (tem coisas que) eu ainda não consegui voltar, agora que eu tô voltando: tô voltando a fazer meu alongamento pela manhã. Isso é uma coisa que me trouxe muita felicidade, sempre me trouxe muita felicidade. O que eu fazia antes era acordar, fazer meu alongamento, ir pra academia, tomar meu café da manhã com mais tranquilidade… Hoje eu já não consigo fazer isso. Então, dentre todas essas coisas, eu escolhi uma coisa que me traz mais felicidade, no primeiro momento, que é, por exemplo, alongamento. (A gente vai) se adaptando a essa nova realidade, a essa nova rotina, mas sem deixar de lado aquilo que te deixa feliz.
Isso é uma coisa bem difícil, que eu estou trabalhando super na terapia. Eu acho que eu sempre bato na tecla da terapia em si, porque eu faço terapia já há 11 anos. Nunca deixei de fazer, nunca tive pausa, e eu acho que mais do que nunca, nesse momento, eu vejo a terapia como algo de extrema importância para a gente organizar as emoções e entender quem a gente era, quem a gente é e no que a gente tem se transformado ao longo dos últimos meses. E isso é uma coisa que tem me deixado insegura, porque eu tive estrias. E foi uma grande loucura, porque durante a gestação, até o fim da gestação, até o parto, eu tive (apenas) duas estrias na barriga. E depois que a Celine nasceu, muitas estrias apareceram na minha barriga, que eu não tinha. Eu sei que elas não aparecem da noite para o dia, mas elas apareceram visualmente da noite para o dia, e foi uma coisa que me deixou muito magoada, e eu estou triste em vê-las. Estou trabalhando de diversas formas para amenizá-las: estou passando ácido, pretendo fazer alguns lasers, alguns procedimentos, mas tenho trabalhado também essa questão emocional de olhar no espelho e ver, entender que isso é em decorrência da grande transformação que o meu corpo viveu, para que minha filha estivesse aqui. Então, eu olho para ela, e essa chateação meio que passa, mesmo que temporariamente. Mas é uma coisa que eu não quero deixar de lado. Eu não quero fingir que não me incomoda, porque me incomoda. Mas (quero) trazer um pouco mais de calmaria nesse processo, tanto nesse processo tanto de transformação do corpo, que vai voltando e se organizando um pouco melhor, quanto na transformação de que, já que eu tenho essa possibilidade de melhorar as minhas estrias, por que não fazê-lo? Mas eu sempre foco na minha filha e na felicidade que ela me traz, e isso meio que me acalma.
Minha mãe sempre amou muito tomar banho, passar mil cremes e perfumes. Eu eu sou muito essa pessoa e acho que isso vem muito dela. Acho que não tem elogio melhor do que “você tá cheirosa”. Eu fico muito feliz quando as pessoas falam isso, “nossa, que cheirosa que você tá!”. Acho que isso vem muito da minha mãe, esse momento do banho e dos cremes e dos perfumes, estar cheirosa e se sentir bem.
Eu acho que ela já ama tomar banho, desde o primeiro banho. Ela chora quando ela SAI do banho! É muito engraçado! Quando vai tirando a roupinha, que ela vai pro banho, ela fica muito feliz e animada. Então eu acho que esse momento do banho, tanto do relaxar quanto da conexão, é algo que eu de alguma forma já tenho passado pra ela. E dos rituais de bem-estar que estão atrelados ao banho também, por exemplo: a gente tem o nosso ritualzinho à noite, em que eu deixo as luzes mais baixas, aí eu dou um banho um pouco mais longo nela ouvindo uma música mais clássica, um piano-jazz… É uma coisa que me deixa muito tranquila, então eu já tô trazendo isso pra ela. Aí a gente passa creminho, perfume pra dormir… Então eu acho que isso eu trouxe da minha mãe. Essa rotina mais ritualizada assim é uma coisa que eu sempre fiz comigo mesma, e que eu tô trazendo pra ela, tipo rotinas de beleza que trazem bem-estar também.
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