
Entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro, o Rio de Janeiro recebeu cientistas, empresas e instituições de pesquisa de todo o mundo para discutir como ampliar a segurança dos produtos, elevar a qualidade do que é desenvolvido e, sobretudo, democratizar metodologias capazes de eliminar a necessidade de testes em animais. Esse é um debate essencial não apenas para a indústria cosmética, mas para toda a ciência, pois aponta para um futuro em que a inovação poderá se libertar definitivamente da experimentação animal. A Natura teve orgulho de ser uma das patrocinadoras do congresso, reafirmando seu papel de liderança e de incentivo ao avanço de alternativas científicas mais éticas e sustentáveis.
Na Natura, esse compromisso nasceu em 1998. Na época, demos início ao processo concluído em 2006, quando abolimos totalmente os testes em animais em nossos produtos, matérias-primas exclusivas e também em nossa cadeia de fornecimento. Para garantir eficácia e segurança sem recorrer a um modelo, até então, amplamente utilizado pela indústria, a resposta foi o investimento em ciência, tecnologia e colaboração com a academia.
Desde então, desenvolvemos e implementamos mais de 60 metodologias alternativas, todas alinhadas às diretrizes internacionais e reconhecidas por agências regulatórias e comitês científicos globais. Entre elas, destacam-se os modelos in silico, que utilizam inteligência computacional para prever o comportamento de moléculas, e os testes in vitro, com tecidos reconstruídos em laboratório. Também criamos tecnologias próprias que abriram novas fronteiras para a pesquisa.
Dois avanços merecem atenção. O sistema microfisiológico humano (chamado human-on-a-chip ou organ-on-a-chip) reproduz em laboratório equivalentes de órgãos como pele, fígado e intestino, permitindo avaliar toxicidade sistêmica e potenciais efeitos carcinogênicos em áreas onde ainda não existem testes validados. Já a pele 3D representa um marco por mimetizar de forma mais robusta e fisiológica a aplicação tópica de ingredientes cosméticos.
Esses métodos não apenas substituem a experimentação animal, mas elevam o padrão da ciência cosmética, tornando-a mais precisa, preditiva e ética. Em parceria com instituições como o LNBio (CNPEM), a USP e a UFG, o Brasil tem ampliado fronteiras e se posicionado na vanguarda internacional da pesquisa nesse campo.
Mas inovação não acontece apenas dentro de laboratórios. Ela se fortalece quando dialoga com a sociedade. A sanção desta lei é resultado da mobilização coletiva de cientistas, empresas, entidades e consumidores que acreditam em uma beleza mais responsável. É uma conquista da sociedade brasileira, que mostra ao mundo sua capacidade de alinhar desenvolvimento tecnológico e valores éticos.
Olhando para frente, o futuro da indústria de cosméticos será definido por sua capacidade de enfrentar três grandes desafios: criar produtos desejados, garantir sua segurança com rigor científico e fazê-lo regenerando o planeta e a vida. Na Natura, acreditamos que inovar não é apenas desenvolver novas fórmulas, mas repensar como existimos no mundo — sempre com a convicção de que não há separação entre negócios, pessoas e natureza.
A lei que proíbe os testes em animais na indústria cosmética brasileira é, sem dúvida, um marco. Mas é também o começo. O próximo passo é continuar investindo em ciência e colaboração para que, quem sabe um dia, possamos estender essa conquista a todas as áreas em que os animais, mesmo com toda a ética envolvida, ainda precisam ser utilizados. É esse futuro que precisamos construir coletivamente.