
Publicado em
13 de novembro de 2025
Elisabetta Franchi, diretora e designer da marca italiana de prêt-à-porter homônima, propriedade da Betty Blue Spa, falou sobre o setor na 30ª Pambianco Fashion Summit, em Milão. “Há muita confusão no mundo da moda hoje em dia”, disse ela. “Os diretores criativos estão pulando de um lugar para outro como pipocas. As marcas estão colocando em risco sua identidade. Quando os clientes entram em uma loja, eles não sabem mais o que estão comprando. Alguns CEOs não têm ideia do que é um botão ou uma máquina de costura. São pessoas da área financeira que só têm olhos para os dados”, acrescentou Franchi.
A empresária italiana retomou o comando pleno da sua empresa após a separação de Marco Bizzarri (que entrou no capital há cerca de dois anos) e a saída do CEO Gabriele Maggio. Franchi explica: “Com o Marco, somos gêmeos separados no nascimento. Sempre pensamos de forma muito semelhante. Mas, a certa altura, a máquina [NR: Betty Blue] começou a abrandar. A sua forma de operar deixou de estar em sintonia com a minha capacidade de resposta. Assumi novamente 100% do comando para levar a empresa a mil à hora. A velocidade é o meu ponto forte”.
Elisabetta Franchi fechou 2024 com um volume de negócios de 171 milhões de euros e um EBITDA de 40 milhões. A designer afirma: “O volume de negócios não é fundamental. Não estou competindo com ninguém. Procuro trabalhar bem, com uma mentalidade à antiga. Uma empresa saudável tem de ter dinheiro. Na última década duplicamos e sempre nos autofinanciamos, sem dívidas aos bancos. O indicador a observar é o EBITDA; se for baixo, trabalhei mal.”
Com 90% das vendas geradas pelo vestuário, a Elisabetta Franchi é uma marca “virgem”, sem licenças (exceto a linha infantil) ou acessórios. Franchi acrescenta: “Hoje estamos trabalhando nestes vetores para nos expandirmos. Sempre me esforcei para realizar um sonho, com muita consistência e uma narrativa verdadeira e poderosa. As mulheres que entram nas minhas lojas sempre desfrutam da mesma experiência. Algumas marcas decidiram aumentar os preços porque não estavam mais crescendo. Em vez disso, não fizemos nenhuma mudança, graças também ao nosso posicionamento estratégico”.
No retalho, em 2025 a marca abriu a sua primeira loja nos Estados Unidos, em Miami. “Em fevereiro de 2026, será a vez de Houston”, afirma a empresária. “A América dá grandes satisfações, mas é preciso avançar lá com passos lentos e ponderados. Temos também na mira o mercado sul-americano. 14% do volume de negócios provém do comércio eletrônico, onde não vendemos simples t-shirts, mas casacos e camisas.”
Sobre o futuro, Franchi prossegue: “Vejo uma empresa mesmo sem mim, mas trabalharei até ao fim dos meus dias. Daqui a cinco anos me vejo muito longe, talvez sozinha. A moda é um negócio que nos coloca em causa de seis em seis meses. A sorte é ter uma equipe vencedora, caso contrário não estaria aqui ao fim de 30 anos.”
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